S.O.S. Racistas
General DÉ o primeiro rapper português a conseguir lançar um disco no mercado nacional. Sai no dia 28 Junho e intitula-se ‘Portukkkal’. Não é gralha, senhores, escreve-se assim mesmo: ’Portukkkal’. Como Klu Klux Klan, porque o racismo anda por aí. Camuflado, mal assumido, mal existe e faz estragos. É disso que se fala nas três canções do novo maxi-single, ‘Olhar para dentro’, ‘Ritual’ e ‘Portukkkal é um Erro’. Como manda o rap, o General D é um mensageiro antes de ser um músico. Primeiro são as palavras, desde que sejam agressivas e com um alvo bem definido. Chega de ver negros a cantar poemas doces ‘cheios de corantes e conservantes.’ O General D escreve sobre o racismo envergonhado e paternalista que continua a atirar comunidades negras inteiras para os bairros de lata e para a ‘subcave da pirâmide social’. Pretende que os “irmãos” se desfaçam da passividade que tomou conta da “primeira geração de africanos em Portugal”. Apela à intervenção dos negros e ao “espírito colectivo” que teima em ficar escondido.
Numa das tuas letras cantas “a Cavaco e Salazar digo não”. Não vês diferença entre os dois?
Eu não canto “a Cavaco e Salazar digo não”. Canto “a Cavaco Salazar digo não”, o que é bem diferente. Acho que a resposta está dada.
Há-de haver diferenças…
É tudo a mesma coisa... Fala-se por exemplo, na violência dos gangs. Eu condeno isso mas é uma consequência óbvia da sociedade em que vivemos. Há muita gente que eu conheço que se reúne para ir atacar os “pulas” (os brancos) [nota: ainda bem que é ele que o diz. Se fossemos nós éramos acusados de racismo]. É a expressão máxima de um sentimento de revolta que está no interior de muitos negros: os negros sentem-se marginalizados na escola, no trabalho, na sociedade em geral. São como os gatos; quando não têm mais onde fugir, atacam. É óbvio que isso são ataques pontuais que não os levam a lado nenhum, que só vão dar mais argumentos ao ministro da Administração Interna para prejudicar os africanos. Mas a verdade é que os brancos não sabem ao certo porque que os jovens negros atacam ‘pulas’ [nota: porque é que ele se refere constantemente aos brancos recorrendo à expressão pejorativa pulas? Será que se nós nos referíssemos aos negros utilizando uma expressão pejorativa não seríamos acusados de racismo?] nas ruas ou em estações de comboios; não têm autoridade para falarem no assunto porque não sabem o que é viver num bairro de lata. É extremamente duro vermo-nos a viver numa barraca, a ver os pais sempre na mesma situação de miséria e incerteza, ter que carregar água todos os dias, com uma lixeira ali ao pé, e a fome... é muito difícil lidar com a fome. Eu já passei fome cá em Portugal, ali ao lado, na Baixa de Banheira. Sei o que isso é. Eu tenho autoridade para falar. Conheço os bairros de lata.
Falaste em gangs. Tu próprio andaste lá metido...
Isso é passado. Aconteceu em Miratejo e a única coisa que fiz foi reunir um grupo contra os skinheads. Eles andavam a prejudicar a vida a tudo e todos. (...)
Já disseste que eras contra os gangs e explicaste porque que eles existem. Então o que é que tens a dizer-lhes? Tentem ser pacíficos...?
Essa é uma questão muito complicada. Eu não sou pelo pacifismo [nota: será isto um apelo à violência?]. Só quando houver uma consciência colectiva entre os irmãos africanos é que será possível mudar o estado das coisas. Eu, por mim, tento desmistificar aquilo a que chamo a história branca – a versão branca das coisas. Tento impor um coração negro e reivindicativo, sem problemas de falar.
És um caso único?
Acho que os portugueses não estão habituados a ver um africano a reivindicar. Pensam logo, “vai para a tua terra”. Mas nós temos de sair desta situação passiva em que temos estado e começar a exigir direitos políticos, económicos e sociais que actualmente, para os negros, não têm grande expressão. Talvez os meus filhos ou os meus netos venham a beneficiar disto tudo.
Referiste há pouco tempo o ministro da Administração Interna. Como é que vês a politica de imigração em Portugal?
Quem trouxe para cá os africanos foram vocês: amarrados, empilhados e acorrentados [nota: nem por isso. Os imigrantes africanos que chegam a Portugal desde os finais dos anos 70 vêm para cá porque querem. Ninguém os obriga.]. Mas os negros também ajudaram a construir este país. É natural que os parentes das pessoas que já cá estão queiram vir ter com eles. O agrupamento familiar é muito importante para qualquer pessoa.
* * *
Esta entrevista é retirada do Boletim do SOS RACISMO de Julho/Agosto 1994, portanto tem 10 anos. Que validade tem uma entrevista com 10 anos? Que interesse tem uma entrevista com 10 anos?
Nós pensamos que neste caso tem toda, já que a organização SOS Racismo, financiada com os impostos dos contribuintes portugueses, presta(ou) um contributo racista e discriminatório para com o povo português quando publicou esta entrevista. Quem lê esta entrevista não pode deixar de sentir que o entrevistado é um indivíduo revoltado, magoado e disposto a combater aquilo a que chama "a história branca – a versão branca das coisas".
O entrevistado não passa de um racista (o que é bem perceptível pelo facto de ele se referir aos brancos como ‘pulas’) e de um preconceituoso contra a sociedade portuguesa e europeia e que através de algo a que chamam música "tenta impôr um coração negro e reivindicativo, sem problemas de falar".
Sente-se raiva e ódio contra a população portuguesa, contudo uma organização que deveria ser idónea e imparcial, que não deveria incentivar ao racismo, à xenofobia e ao preconceito publica um tratado de ódio sem fazer um único comentário nem crítica a esta atitude.
Mais uma vez querem transmitir a ideia de coitadinhos, miseráveis e que não têm "direitos políticos, económicos e sociais", quando o passado, o presente e o futuro indicam o contrário. Em termos políticos já se podem candidatar a cargos nas juntas de freguesia ou nas câmaras municipais, em termos económicos têm acesso ao trabalho, aos bancos, têm subsídios estatais e no que respeita a direitos sociais tiveram direito a casas, frequentam as escolas públicas, têm direito a cuidados médicos nos nossos hospitais. Querem mais direitos?
Nós é que perguntamos: O que mais falta reivindicar?
Porque neste país, existem situações em que famílias portuguesas estão em piores condições do que os africanos. A comunidade africana protegida por organizações como o SOS RACISMO e por partidos políticos como os que estão sentados na Assembleia da República tem conseguido usufruir de melhores condições de vida que muitas famílias e jovens portugueses. Com tanta reivindicação, já só falta ver na Assembleia da República um partido declaradamente africano.
Com estas atitudes continuaremos assistir à invasão de Portugal, porque como o entrevistado refere "É natural que os parentes das pessoas que já cá estão queiram vir ter com eles. O agrupamento familiar é muito importante para qualquer pessoa", e a vinda de sogros, tios e primos vai aumentando o número de invasores ao abrigo da protecção familiar. Por isso é que nós, na Causa Nacional, somos frontalmente contra o princípio do reagrupamento familiar, que não é mais do que uma forma de imigração encapotada.
Aqui, denunciaremos sempre situações de discriminação para com os portugueses.
Identidade, Justiça, Revolução!
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