terça-feira, 16 de setembro de 2014

Na encruzilhada, que fazer?

Na encruzilhada, que fazer?

Por Fernando Alba

Palavras bordadas no vazio,
a derrota inconfessada
de quem foge ao desafio…

O debate sobre o nacionalismo em Portugal está geneticamente marcado pela estrutural debilidade da grelha de interpretação de grande parte dos intervenientes, em grande parte voluntariamente retidos na órbita da herança ideológica do Estado Novo, embora possamos detectar, excepcionalmente aqui e acolá, a tentativa de se trilharem caminhos autónomos. A preocupação discursiva gira em torno da teorização sobre a natureza do regime sendo esta feita em detrimento da leitura atenta e objectiva da realidade social, política e económica em que se actua. A obsessão com a democracia e a sua reiterada negação, a constante abordagem dos poderes invisíveis e ocultos, supostos manipuladores dos eventos e transformações sociais, a recorrência a soluções instantâneas e milagreiras, rebuscadas na vã glória de uma aurora messiânica revelada num hipotético desejado, com ou sem nevoeiro, a mitificação de um passado além-mar ideologicamente bem armado de díspares contribuições, muitas vezes contraditórias na formulação e, por fim, o recurso saudosista a outro tempo, o perdido no imaginário inibitório de novas propostas, implantadas na dinâmica das novas realidades, são alguns dos elementos de um edifício projectado na virtualidade de legítimos anseios, mas antagónico à frieza dos factos vividos nas ruas e praças da cidade. A visibilidade do inimigo é ofuscada por intimistas cogitações!

Os conceitos de nação e nacionalismo estão aprisionados num colete de forças, onde a licença de sentir e amar Portugal, os Portugueses, passa pela obrigatoriedade dos estreitos cânones maurrasianos, pela récita das receitas contra-revolucionárias, à “ancien régime”, bebidas em Joseph de Maistre e Bonald, pela confissão, em reza ultramontana, dos mandamentos da santa madre Igreja, a Católica, pois claro, aqui e ali temperada pela tradicional influência da “evolite” administrada via Julius Evola. E, no remate final, salpicados de alguma memória fascista, a da segunda geração, a que sucumbiu à trágica tentação de se aliar aos sectores mais reaccionários e conservadores. Do fascismo revolucionário, socialista, vanguardista e popular desertam a sete pés!

A nação universaliza-se e projecta-se conforme a (in)disfarçável mania das grandezas, enchida de tiques imperiais, mas já sem a presença física do império, dissolvido, em primeiro acto, na atmosfera trágica do ano de 1974. Enquadrado nesta concepção, o espírito do vale tudo para ser Português, verdade aplicada com bons sentimentos paternalistas a um qualquer bijagó, papel, cingalês, maubere, chisena, angolar, umbundo, tchokwe, acaba, funestamente, por se ser nada!

O voluntarismo contratual da teoria da adesão nacional diariamente plebiscitada (Renan) serve, às mil maravilhas, para justificar a inclusão do universo antropológico multicultural e multiracial no particularismo étnico localista. Essa integração forçada corresponde à dissolução dos Portugueses de raiz, como diz o povo: os de gema!

Actuar e pensar fora desta circunscrição, monopólio de alguns, acarreta a recepção de epítetos como: “estrangeirados”, “racistas”, “Europeístas”. Pouco nos importa, somos cientes da justeza das nossas posições. Afinal de contas podia ser pior!

E o mais estranho de tudo isto é vermos curiosas coincidências entre nacionalistas que remontam ao puro aristotelismo com as teses do patriotismo constitucional de Habermas, ambos pretendem incluir o que não é naturalmente conciliável. O que é que mais nos espera?!

Para nós, o entendimento da nação sedimenta-se nos clássicos critérios que definem e configuram a pertença ao seu corpo, a saber: a raça, a etnia (povo), a língua, os costumes, valores e destino comuns. Critérios consagrados em autores tão diferentes como são J.G. Herder, J.G. Fichte, Estaline, Arlosoroff, A.D. Gordon, Anthony D. Smith, J. Forne, John Plamenatz, Ernest Gellner, entre outros.

Salientamos hierarquicamente a raça, a etnia e a linguagem (língua), esta entendida como a morada do ser, como o cimento que solidifica a comunidade nacional. Sem isso não existe a Nação, ao nacional-civismo construído na ideia da cidadania confrontamos o comunitarismo do sangue e da memória histórica: a convicção que somos uma família dotada de uma memória partilhada, com um destino a cumprir. Não nos interessa, não queremos uma sociedade estruturada em castas, distribuidora de privilégios e benesses, uma sociedade de senhorinhos de sangue azul!

Por isso mesmo conceptualizamos um estado modelado na justiça social (socialismo nacional e comunitário), radicado na soberania popular, a do NOSSO povo, concretizado nas diferentes possibilidades oferecidas pelo exercício do poder, mas sempre com a ideia primária e orientadora da defesa da nossa Identidade ancestral: europeia e branca.

Em tempos, o outro escreveu que os “filósofos não fazem mais que interpretar o mundo, mas o que interessa é transformá-lo”, pois bem, na encruzilhada do hodierno nacionalismo português a opção é pelo combate, na certeza de que vale mais perder o anonimato indecifrável do mundo, mas sempre ganhando a paz e a Identidade perene da nossa aldeia!

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