Combate ideológico
Por António José de Brito (In «Agora», n.º 324, ano VII, 30.10.1967)
Podemos dividir em duas categorias aqueles que minimizam a importância do combate ideológico. Na primeira, enquadram-se os que, conscientemente, se erguem contra as ideologias, por doutrina e princípio, considerando-as a todas perniciosas, nefastas, nocivas, desorientadoras, e geradoras de divisões e querelas. Cavaleiros do anti-ideologismo são eles, fundamentalmente, dominados por uma só ideia — a ideia de repelir tudo quanto for ideológico. Deste modo, não passam de ideólogos da aversão às ideologias e se desdenham da importância do combate ideológico — repelindo-o e condenando-o — fazem-no tão só em palavras, pois que, precisamente, travam azedo combate ideológico para eliminar o combate ideológico. No entanto, para além dos inimigos, por ideologia, das ideologias, há uma segunda categoria de individualidades que desprezam a importância do combate ideológico e hostilizam quem proclame, com insistência, a sua necessidade. Essa categoria é a dos chamados homens práticos, que encolhem os ombros perante ideias, valores, concepções do mundo, as quais, para as suas mentes subtis, não passam de infantilidades capazes de entreter intelectuais desocupados, mas sem nenhum influxo visível e relevante no decorrer dos acontecimentos. Perante as ideologias sorriem irónicos, afirmando que não têm tempo a perder e que, por isso, se colocam, apenas, no plano do que tem eficácia, no plano das realidades palpáveis, firmes, concretas.
Claro que os chamados homens práticos nem por se limitarem a sorrir diante das ideologias, em vez de as repelir e combater de frente, deixam ainda de ser conduzidos e guiados, predominantemente, por uma ideia, uma ideologia, a saber: — o que interessa e conduz ao êxito é a acção cega, sem regras intelectuais estáveis e cuidadosamente elaboradas. Também eles são ideólogos, simplesmente são ideólogos que, nem sequer, travam, malgré eux, uma luta ideológica. São, exclusivamente, ideólogos que abandonam aos outros o campo de batalha ideológico, na doce ilusão de que é esse o meio de atingir o sucesso, o triunfo.
Por vezes, acontece que dolorosas surpresas atingem os chamados homens práticos e é quando eles se julgam mais seguros, defendidos e protegidos que, com a rapidez de um raio, a ruína e o fracasso os ferem. Já Raul Proença avisava os políticos do seu tempo, indiferentes aos debates doutrinários e para quem a segurança do regime era simples problema de reforço da Guarda Nacional Republicana, de que, a continuarem as coisas na mesma, tarde ou cedo, a comandar os pelotões e as baterias da dita Guarda, haveria unicamente alferes integralistas, partidários de Pequito Rebelo e Alberto de Monsaraz.
Os chamados homens práticos esquecem que são as ideias que comandam as acções, verdade que nem os marxistas põem de parte, limitando-se a indicar que a génese e a eclosão das ideias se deve a causas materiais. Em todo o caso, reconhecendo apenas uma relativa autonomia às ideologias — meras super-estruturas — dedicam sem grande coerência a maior das atenções e atribuem relevo máximo ao combate ideológico. Em tese, acreditam no predomínio último da base económico-social sobre quaisquer reacções das super-estruturas. Contudo, procedem como se um deliberado combate ideológico, que esmague o adversário, fosse indispensável para que o desenvolvimento das forças produtivas não se altere ou detenha. No lugar de agirem como se nem eles nem os adversários merecessem ser, verdadeiramente, responsabilizados pelas ideias que têm e em vez de considerarem o combate ideológico mero resultado, da eficiência intrínseca secundária, dos factores fundamentais da História, os marxistas procedem como se o combate ideológico representasse decisiva instância no curso dos eventos e como se os adversários pudessem vir a ser transformados do pé para a mão, sendo culpados por não adoptarem certas ideias e impedirem, intencional e livremente, que a sociedade tome, à vontade do freguês, uma directriz progressiva, idílica, antifeudal, não capitalista, etc.
(Se nos disserem que o próprio determinismo sócio-económico obriga os marxistas a terem semelhantes convicções, responderemos que, a professarem, forçosamente, opiniões antideterministas, por que maravilhoso modo conseguem declarar-se marxistas e, portanto, deterministas conscientes do carácter dependente e fatal das suas ideias?)
De qualquer forma, têm eles plena razão, na medida em que atribuem grande importância ao combate ideológico, ainda que os ilogismos em que caem não possam merecer aplauso e concordância.
É impossível desconhecer o papel destacado das controvérsias de ideologias. Com efeito, os que pretendem ser-lhes alheios estão ipso facto a tomar uma determinada posição nelas, embora inconscientemente; os que as atacam e consideram nocivas contradizem-se, pois perfilham, sem o saber, certa ideologia e por ela se batem; e os que as situam em plano de segunda ordem atribuem-lhe, na realidade, tarefa fundamental, uma vez que só em nome de uma ideologia válida é legítimo averiguar o posto das ideologias no mundo. Por consequência, o que importa fazer é, afastando os equívocos e paralogismos, tomar, com plena consciência, um posto na batalha das ideias, lutando por uma ideologia verdadeira e buscando as condições mais adequadas da sua autopotenciação e da sua inserção, dominadora, na praxis. Há, evidentemente condições indispensáveis do triunfo no combate ideológico. Indispensáveis, sim, mas não suficientes, porque o livre arbítrio humano exclui a necessidade ou a fatalidade na História.
Em primeiro lugar, para que uma ideologia se imponha e vença, é preciso que seja claramente definida e estruturada, sem disfarces, compromissos, oportunismos. Quando nos encontramos no caminho das abdicações e transigências doutrinárias, estamos, igualmente no caminho do fracasso e da abdicação. É inconcebível que tal caminho, no imediato, traga algumas vantagens, meramente pessoais, aos senhores A ou B. Com a ideia, porém, passa-se, exactamente, o contrário. E por outro lado, os êxitos puramente pessoais são, por definição, efémeros, dado que, sendo inconfessáveis, os pontos de vista do egoísmo privado deixam o campo livre à afirmação de uma ideologia que as supere e, além disso, trazem consigo o gérmen de divisões e discórdias (os diversos beneficiários das vantagens digladiar-se-ão).
Por consequência, só têm possibilidade de duradoira e estável supremacia as ideologias clara e inequivocamente traçadas e delineadas. Nessa conformidade, a polémica contra os desvios ideológicos, as confusões de princípios, a adulteração e o abastardamento de concepções, é um dever indeclinável e, ao invés do que se pensa por vezes, uma prova de vitalidade. O comunismo tem marchado de vitória em vitória por entre excomunhões e esmagamentos de heréticos, coisa que os burgueses parvos consideram, desde 1917, sinais seguros de desagregação e decomposição. E o mesmo sucedeu com o Catolicismo, nos seus tempos áureos.
Em segundo lugar, acentue-se que uma ideologia tem defensores, apologistas, teorizadores, propagandistas, pela acção dos quais vai penetrando e moldando os espíritos. E se é preciso não confundir as ideias com os homens, também é preciso não desligar as ideias dos homens — dos homens que, efectivamente, as servirem com devoção e sacrifício. Entre renegar os que traem e corrompem o Ideal que declaram venerar, e votar por sistema ao ostracismo e ao esquecimento os que, na verdade, lutaram, sempre, pela Ideia, há um abismo. Se nós, fascistas, abandonássemos, hoje em dia, à maledicência e à calúnia a memória daqueles que, em toda a Europa, de armas na mão combateram e morreram pelo Fascismo, estaríamos, em última análise, a contribuir para o enfraquecimento da nossa ideologia. O inimigo, na esperança de que passe a ser detestado tudo o que os vencidos construíram e edificaram e legaram para exemplo, atribui-lhes, juntamente com a actuação em prol do Fascismo, monstruosidades incompatíveis com a Ideia. Ora se nós, por comodismo para nos furtarmos a discutir semelhantes acusações, aceitássemos, passivamente, o que é dito dos camaradas que nos antecederam no combate ideológico, então o descrédito, conforme o adversário pretende, abrangeria a doutrina fascista, pois que, na sua representação palpável e humana, seria identificada e confundida com infâmias e protérvias. A fim de se evitar isso, impõe-se, desta maneira, examinar se são legítimos os ataques aos militantes do Fascismo histórico. E como o não são, e não passam de invencionices de uma mentirosa propaganda, temos obrigação de defender, com toda a energia, a honra dos que, batalhando por um justo ideal, sofreram as agruras das derrotas, certos de que defendê-la é, ainda, defender as suas e nossas convicções, pugnar pelas suas e nossas crenças.
É óbvio que se os crimes que lhe são imputados se tivessem efectivamente verificado, então seria diferente o nosso modo de proceder. Nessa altura, estaríamos, simplesmente, perante a adulteração, a falsificação da ideologia. E deveríamos condenar os falsificadores com a veemência com que devemos exigir solidariedade e respeito pelos combatentes da mesma.
Por último, registe-se que o combate ideológico não é nada de meramente contemplativo e especulativo. Se os homens agem por ideias, as ideias têm de ser, permanentemente, inseridas na acção. Por isso, o combate ideológico não constitui simples episódio intelectual a que se sigam momentos e fases de outra índole. É uma realidade perene, omnipresente, indestrutível, a requerer um constante esforço, uma pertinácia constante, uma eterna e ininterrupta decisão. Começar e recomeçar incessantemente, eis a sua condição essencial e primeira. Definir as ideias, exaltar os heróis e, depois, cruzar os braços e esperar pelos acontecimentos, é ficar a menos de meio caminho. As ideologias têm de ser esforçadamente, teimosamente, incutidas nas almas, nos intelectos, nas condutas. Uma persistência inabalável é o substractum mesmo do combate ideológico, razão e querer fundindo-se numa só peça. Sem isto, uma doutrina não passa de veleidade mental, a ser vencida e ultrapassada por outras doutrinas que saibam formular-se e impor-se pela vontade, a abnegação e o sacrifício.
Podemos dividir em duas categorias aqueles que minimizam a importância do combate ideológico. Na primeira, enquadram-se os que, conscientemente, se erguem contra as ideologias, por doutrina e princípio, considerando-as a todas perniciosas, nefastas, nocivas, desorientadoras, e geradoras de divisões e querelas. Cavaleiros do anti-ideologismo são eles, fundamentalmente, dominados por uma só ideia — a ideia de repelir tudo quanto for ideológico. Deste modo, não passam de ideólogos da aversão às ideologias e se desdenham da importância do combate ideológico — repelindo-o e condenando-o — fazem-no tão só em palavras, pois que, precisamente, travam azedo combate ideológico para eliminar o combate ideológico. No entanto, para além dos inimigos, por ideologia, das ideologias, há uma segunda categoria de individualidades que desprezam a importância do combate ideológico e hostilizam quem proclame, com insistência, a sua necessidade. Essa categoria é a dos chamados homens práticos, que encolhem os ombros perante ideias, valores, concepções do mundo, as quais, para as suas mentes subtis, não passam de infantilidades capazes de entreter intelectuais desocupados, mas sem nenhum influxo visível e relevante no decorrer dos acontecimentos. Perante as ideologias sorriem irónicos, afirmando que não têm tempo a perder e que, por isso, se colocam, apenas, no plano do que tem eficácia, no plano das realidades palpáveis, firmes, concretas.
Claro que os chamados homens práticos nem por se limitarem a sorrir diante das ideologias, em vez de as repelir e combater de frente, deixam ainda de ser conduzidos e guiados, predominantemente, por uma ideia, uma ideologia, a saber: — o que interessa e conduz ao êxito é a acção cega, sem regras intelectuais estáveis e cuidadosamente elaboradas. Também eles são ideólogos, simplesmente são ideólogos que, nem sequer, travam, malgré eux, uma luta ideológica. São, exclusivamente, ideólogos que abandonam aos outros o campo de batalha ideológico, na doce ilusão de que é esse o meio de atingir o sucesso, o triunfo.
Por vezes, acontece que dolorosas surpresas atingem os chamados homens práticos e é quando eles se julgam mais seguros, defendidos e protegidos que, com a rapidez de um raio, a ruína e o fracasso os ferem. Já Raul Proença avisava os políticos do seu tempo, indiferentes aos debates doutrinários e para quem a segurança do regime era simples problema de reforço da Guarda Nacional Republicana, de que, a continuarem as coisas na mesma, tarde ou cedo, a comandar os pelotões e as baterias da dita Guarda, haveria unicamente alferes integralistas, partidários de Pequito Rebelo e Alberto de Monsaraz.
Os chamados homens práticos esquecem que são as ideias que comandam as acções, verdade que nem os marxistas põem de parte, limitando-se a indicar que a génese e a eclosão das ideias se deve a causas materiais. Em todo o caso, reconhecendo apenas uma relativa autonomia às ideologias — meras super-estruturas — dedicam sem grande coerência a maior das atenções e atribuem relevo máximo ao combate ideológico. Em tese, acreditam no predomínio último da base económico-social sobre quaisquer reacções das super-estruturas. Contudo, procedem como se um deliberado combate ideológico, que esmague o adversário, fosse indispensável para que o desenvolvimento das forças produtivas não se altere ou detenha. No lugar de agirem como se nem eles nem os adversários merecessem ser, verdadeiramente, responsabilizados pelas ideias que têm e em vez de considerarem o combate ideológico mero resultado, da eficiência intrínseca secundária, dos factores fundamentais da História, os marxistas procedem como se o combate ideológico representasse decisiva instância no curso dos eventos e como se os adversários pudessem vir a ser transformados do pé para a mão, sendo culpados por não adoptarem certas ideias e impedirem, intencional e livremente, que a sociedade tome, à vontade do freguês, uma directriz progressiva, idílica, antifeudal, não capitalista, etc.
(Se nos disserem que o próprio determinismo sócio-económico obriga os marxistas a terem semelhantes convicções, responderemos que, a professarem, forçosamente, opiniões antideterministas, por que maravilhoso modo conseguem declarar-se marxistas e, portanto, deterministas conscientes do carácter dependente e fatal das suas ideias?)
De qualquer forma, têm eles plena razão, na medida em que atribuem grande importância ao combate ideológico, ainda que os ilogismos em que caem não possam merecer aplauso e concordância.
É impossível desconhecer o papel destacado das controvérsias de ideologias. Com efeito, os que pretendem ser-lhes alheios estão ipso facto a tomar uma determinada posição nelas, embora inconscientemente; os que as atacam e consideram nocivas contradizem-se, pois perfilham, sem o saber, certa ideologia e por ela se batem; e os que as situam em plano de segunda ordem atribuem-lhe, na realidade, tarefa fundamental, uma vez que só em nome de uma ideologia válida é legítimo averiguar o posto das ideologias no mundo. Por consequência, o que importa fazer é, afastando os equívocos e paralogismos, tomar, com plena consciência, um posto na batalha das ideias, lutando por uma ideologia verdadeira e buscando as condições mais adequadas da sua autopotenciação e da sua inserção, dominadora, na praxis. Há, evidentemente condições indispensáveis do triunfo no combate ideológico. Indispensáveis, sim, mas não suficientes, porque o livre arbítrio humano exclui a necessidade ou a fatalidade na História.
Em primeiro lugar, para que uma ideologia se imponha e vença, é preciso que seja claramente definida e estruturada, sem disfarces, compromissos, oportunismos. Quando nos encontramos no caminho das abdicações e transigências doutrinárias, estamos, igualmente no caminho do fracasso e da abdicação. É inconcebível que tal caminho, no imediato, traga algumas vantagens, meramente pessoais, aos senhores A ou B. Com a ideia, porém, passa-se, exactamente, o contrário. E por outro lado, os êxitos puramente pessoais são, por definição, efémeros, dado que, sendo inconfessáveis, os pontos de vista do egoísmo privado deixam o campo livre à afirmação de uma ideologia que as supere e, além disso, trazem consigo o gérmen de divisões e discórdias (os diversos beneficiários das vantagens digladiar-se-ão).
Por consequência, só têm possibilidade de duradoira e estável supremacia as ideologias clara e inequivocamente traçadas e delineadas. Nessa conformidade, a polémica contra os desvios ideológicos, as confusões de princípios, a adulteração e o abastardamento de concepções, é um dever indeclinável e, ao invés do que se pensa por vezes, uma prova de vitalidade. O comunismo tem marchado de vitória em vitória por entre excomunhões e esmagamentos de heréticos, coisa que os burgueses parvos consideram, desde 1917, sinais seguros de desagregação e decomposição. E o mesmo sucedeu com o Catolicismo, nos seus tempos áureos.
Em segundo lugar, acentue-se que uma ideologia tem defensores, apologistas, teorizadores, propagandistas, pela acção dos quais vai penetrando e moldando os espíritos. E se é preciso não confundir as ideias com os homens, também é preciso não desligar as ideias dos homens — dos homens que, efectivamente, as servirem com devoção e sacrifício. Entre renegar os que traem e corrompem o Ideal que declaram venerar, e votar por sistema ao ostracismo e ao esquecimento os que, na verdade, lutaram, sempre, pela Ideia, há um abismo. Se nós, fascistas, abandonássemos, hoje em dia, à maledicência e à calúnia a memória daqueles que, em toda a Europa, de armas na mão combateram e morreram pelo Fascismo, estaríamos, em última análise, a contribuir para o enfraquecimento da nossa ideologia. O inimigo, na esperança de que passe a ser detestado tudo o que os vencidos construíram e edificaram e legaram para exemplo, atribui-lhes, juntamente com a actuação em prol do Fascismo, monstruosidades incompatíveis com a Ideia. Ora se nós, por comodismo para nos furtarmos a discutir semelhantes acusações, aceitássemos, passivamente, o que é dito dos camaradas que nos antecederam no combate ideológico, então o descrédito, conforme o adversário pretende, abrangeria a doutrina fascista, pois que, na sua representação palpável e humana, seria identificada e confundida com infâmias e protérvias. A fim de se evitar isso, impõe-se, desta maneira, examinar se são legítimos os ataques aos militantes do Fascismo histórico. E como o não são, e não passam de invencionices de uma mentirosa propaganda, temos obrigação de defender, com toda a energia, a honra dos que, batalhando por um justo ideal, sofreram as agruras das derrotas, certos de que defendê-la é, ainda, defender as suas e nossas convicções, pugnar pelas suas e nossas crenças.
É óbvio que se os crimes que lhe são imputados se tivessem efectivamente verificado, então seria diferente o nosso modo de proceder. Nessa altura, estaríamos, simplesmente, perante a adulteração, a falsificação da ideologia. E deveríamos condenar os falsificadores com a veemência com que devemos exigir solidariedade e respeito pelos combatentes da mesma.
Por último, registe-se que o combate ideológico não é nada de meramente contemplativo e especulativo. Se os homens agem por ideias, as ideias têm de ser, permanentemente, inseridas na acção. Por isso, o combate ideológico não constitui simples episódio intelectual a que se sigam momentos e fases de outra índole. É uma realidade perene, omnipresente, indestrutível, a requerer um constante esforço, uma pertinácia constante, uma eterna e ininterrupta decisão. Começar e recomeçar incessantemente, eis a sua condição essencial e primeira. Definir as ideias, exaltar os heróis e, depois, cruzar os braços e esperar pelos acontecimentos, é ficar a menos de meio caminho. As ideologias têm de ser esforçadamente, teimosamente, incutidas nas almas, nos intelectos, nas condutas. Uma persistência inabalável é o substractum mesmo do combate ideológico, razão e querer fundindo-se numa só peça. Sem isto, uma doutrina não passa de veleidade mental, a ser vencida e ultrapassada por outras doutrinas que saibam formular-se e impor-se pela vontade, a abnegação e o sacrifício.
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