quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O Nacionalimo no séc. XXI - Rumos e Soluções

O Nacionalimo no séc. XXI - Rumos e Soluções

Por Miguel Ângelo Jardim, Comunicação ao I Congresso Nacionalista Português – Lisboa, Outubro 2001

O tema em questão suscita duas condições prévias às quais o Nacionalismo do século XXI deverá ter sempre em conta: a pluralidade ideológica e metodológica na atitude nacionalista, e a ausência de dogmatismos na abordagem dos desafios com os quais nos confrontamos. Socorrendo-me a Guillaume Faye, autor que tem tanto de profético como de genial, designo o mundo actual como um palco onde convergem as catástrofes nunca antes verificadas na história da humanidade, na medida em que aquelas ocorrem a nível global.

Comecemos pelo desmantelamento do tecido social Europeu, pelo qual é responsabilizado o consumo de drogas no seio da juventude, associado ao império da criminalidade que cada vez mais assume uma face legal e "civilizada" por força do predomínio do capitalismo financeiro em lugar da economia produtiva. A especulação, o endividamento, o consumismo, a privatização cega dos serviços públicos são o espelho desta nova "velha" economia!

A estupidificação do grande público por via do electrovisual e audiovisual – televisão, jogos de vídeo, programas de entretenimento – contribuem decisivamente para o desarmamento das defesas morais e espirituais das nações.

Os confrontos, cada vez mais frequentes, dos grupos étnicos e neo-tribais nas grandes metrópoles europeias resultam num sentimento de insegurança e angústia nas populações autóctones. A "terceiro-mundialização" da Europa através da invasão de não europeus (afro-asiáticos) com a consequente guetização desses mesmos grupos étnicos acompanhados da desvalorização nos salários que só interessam à grande plutocracia.

Por outro lado, o envelhecimento da Europa, bem visível nas estatísticas, somado à desvalorização do matrimónio, o estímulo ao aborto livre e à ideologização dos grupos de pressão homossexuais – o homossexualismo ideológico – contribuem para uma crise económico-demográfica sem precedentes.

Em paralelo a esta Europa debilitada e enfraquecida vivemos o caos no Sul, particularmente em África, no sul da Ásia e, em alguns casos, na América do Sul. Do Magreb, aqui tão perto, multidões de jovens desempregados, munidos do islamismo militante estão preparados para [nos] invadir. O caos étnico, sócio-económico de países como a Nigéria, Somália, Libéria, Indonésia, Afeganistão, etc.

Associado à subida de todo o tipo de integrismos religiosos e políticos, mas todos com um denominador comum: o ódio às nossas culturas e à nossa civilização constituem uma mistura que se revela uma ameaça imediata e perigosa para a nossa estabilidade e identidade.

O corolário desta ameaça é a possibilidade de alguns países utilizarem a energia nuclear para fins militares, levando, assim, o terrorismo a situações inimagináveis.

Sejamos francos: estamos envolvidos num conflito de contornos visíveis e invisíveis em que a nossa identidade mais remota e a nossa sobrevivência estão em risco! Para não falarmos da ameaça ecológica, que vai paulatinamente corroendo o nosso planeta, fruto dos mitos do progresso interminável e liberal-igualitário de índole mundialista. A pandemia da Sida em África chegou ao ponto dos Estados Unidos a considerarem como uma ameaça à sua própria segurança nacional, enquanto que nós, europeus, fechamos os olhos a uma ameaça demolidora aqui tão perto!

Perante esta perspectiva apocalíptica, que respostas?

Cometemos o erro trágico de encararmos o outro como o imaginamos no nosso imaginário, esta é a atitude de Portugal e da Europa nos últimos sessenta anos!

A fim de enfrentarmos as catástrofes que o futuro nos oferece impõem-se, antes de mais, definir quem são os nossos amigos, adversários e inimigos.

Uma leitura cuidadosa de Carl Schmitt permite-nos deter os instrumentos de análise necessários a fim de delinear qual o nosso percurso num mundo cada vez mais polarizado.

Outro imperativo ao qual não nos podemos esquivar é perspectivar o globo numa dimensão "geo-etno-cultural" em que a Geografia predomina sobre o lirismo político. Rudolph Kjellen, politólogo, geopolítico e filósofo sueco, ser-nos-á bastante útil. Portugal é um país Europeu, Latino e Ibérico. Esta premissa é-nos fundamental para compreender o nosso futuro!

Temos de conviver com a trágica, mas mobilizadora consciência, que retornámos ao nosso espaço geográfico de partida, o qual se tornou, passados tantos séculos, o nosso porto de chegada: a Península Ibérica, a Europa. A identidade etnocultural é o nosso último reduto na retirada, se quisermos ter viabilidade como realidade nacional.

Num mundo que é cada vez mais um gigantesco "hipermercado" onde tudo é misturado anonimamente e tudo se dissolve, é na memória mais remota da nação, que expulsou os árabes invasores, e não a que conquistou ou explorou, que nos devemos apegar! A memória funciona hoje como instrumento de auxílio insubstituível para analisar o presente e projectar o futuro. Sobretudo quando Portugal e a Europa estão sendo ocupados física e espiritualmente!

Pistas para o futuro...

Num contexto político de adversidade como o que vivemos hoje, o desenvolvimento e criação de Associações, Fundações, Revistas, Comunidades e, inclusive, Partidos onde coexistam e corporizem as diferentes famílias e correntes do Nacionalismo Português, são tão urgentes como imprescindíveis.

Sem cair na "doença infantil" dos nacionalismos, expresso na "fulanização" dos pequenos chefes, ou na tentação gruposcular e crepuscular, todos os movimentos, associações e organizações deverão estabelecer um pacto de respeito pela identidade e personalidade de todo o Movimento Nacionalista, entendido na sua globalidade.

Os parâmetros fundamentais da nossa acção comum devem assentar na preservação da nossa mais profunda identidade, reflectida nos planos etno-linguístico, cultural, patrimonial, arquitectónico e económico.

A visão geopolítica e internacional de Portugal deve estar submetida à construção, e esta é uma perspectiva muito pessoal, de um gigantesco Espaço geopolítico e geoeconómico fundamentado numa memória colectiva cultural e civilizacional comum: a Europa. Em que se incluirá no futuro, a Rússia, e se exclui, por razões óbvias, a Turquia. A expressão político-constitucional desse espaço realizar-se-á de acordo com a vontade dos povos e Nações Europeias. Deste modo podemos enfrentar os Estados Unidos e a ameaça Islâmica que lentamente nos vai cercando.

No nosso caso particular, o Brasil poderá, eventualmente, complementar a nossa projecção no espaço político internacional. As nossas comunidades espalhadas pela Europa e pelo mundo devem converter-se em elementos activos e promotores da nossa cultura e identidade, em particular no que concerne à língua portuguesa. Quanto a África, as relações deverão pautar-se pelo respeito mútuo de cada um dos espaços geopolíticos e manter as melhores relações comerciais e económicas, deixando, desde logo, os delírios duma eventual ligação política, que seria suicidária para Portugal.

Em suma, minhas senhoras, meus senhores, camaradas e amigos: o futuro da nossa Nação, da nossa Pátria, deverá enraizar-se, por um lado, na nossa grande família civilizacional: a Europeia; por outro, na única aristocracia que eu reconheço: a do carácter e do espírito, nas tradições mais longínquas do nosso Povo e, finalmente, na Justiça Social Comunitária.

Como um dia escreveu o Poeta: é a Hora!

Entremos no barco da aventura e da Esperança!

Viva Portugal!

Viva a Europa!

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